A palavra do especialista de hoje é com o nosso parceiro e colunista, doutor Reinaldo Pamplona, neurocirurgião em Salvador/BA e atua em cirurgia de crânio e coluna.

O histórico dos primeiros sintomas

A relação da COVID-19 com as funções neurológicas de pacientes acometidos pela doença no mundo, é algo que vem sendo estudado por cientistas desde o início da pandemia. Aliás, antes disso. É comprovado que existem complicações associadas ao coronavírus, com sequelas que variam desde a perda de olfato e paladar até AVC´s (derrame cerebral).

Mas o processo epidemiológico interligado a esse vírus, tem início lá atrás, nos primeiros anos do século XXI, quando foi detectado na China o primeiro caso de Síndrome Aguda Respiratória Grave (SARS), na província costeira de Guangdong. Em 2002 e 2003, uma pandemia instalou-se, com 8 mil casos constatados e 774 mil mortes em 37 países, com sintomas iniciais que se assemelham aos da COVID-19.

Quase uma década depois, em 2012, surge na Arábia Saudita a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), em que são observados cerca de 2.500 casos e 858 óbitos, também com sintomas parecidos aos da COVID, além do surgimento de problemas gastrointestinais e falência renal.

De volta à China, subtipos de coronavírus são detectados na cidade de Wuhan no ano de 2019, em especial a família viral alpha coronaviruses 229E, NL63, betacoronaviruses HKU1 e o OC43.

Novas variantes e os agravamentos neurológicos

Neste processo, foi percebida a alta capacidade de recombinação genética, ou seja, a mistura de genes provenientes de diferentes indivíduos. Com a propagação do vírus pelo mundo, outros problemas foram relatados e registrados do início de 2020 pra cá, com destaque para os que atingem o sistema nervoso, a exemplo da perda de paladar e do olfato.

Em Wuhan, de 214 pacientes detectados com a doença, 36% apresentaram sintomas como tontura e cefaleia (dor de cabeça), e 5,4% tiveram AVC.

Você já ter escutado falar sobre ageusia, hispomia e anosmia, quando o assunto é COVID-19. Respectivamente, significam a perda do paladar, perda parcial de olfato e a sua perda total. Sintomas estes considerados leves, bem comuns em pacientes no atual cenário pandêmico. Em meio diversos estudos realizados, a anosmia tem sido relatada na maior parte dos casos, e pode perdurar até três meses em quem é diagnosticado com o vírus.

Diferentes quadros da doença, considerados mais graves, passaram a ser constatados, a exemplo do AVC Isquêmico (o tipo mais comum de AVC) e da síndrome de GuillainBarré, doença de caráter autoimune que atinge o sistema nervoso, com surgimento em pacientes infectados pela COVID,  que apresentavam idades variadas, desde jovens a idosos.

A hemorragia intracerebral (ICH), que ocorre por meio de sangramento intracraniano, foi contabilizada entre os casos analisados, em um quantitativo menor. De 19 estudos realizados, 61 pacientes tiveram ICH. Em análises feitas em pacientes com tumor cerebral, não foi encontrada relação direta com o vírus.

A trombose venosa cerebral (o tipo mais raro de AVC) também foi associada a alguns casos de COVID-19, após feitos estudos. Esta situação ocorre quando coágulos de sangue obstruem as veias cerebrais, responsáveis pela drenagem de todo o sangue do cérebro.

A realidade brasileira

Trazendo essa atmosfera de pandemia mais para perto da nossa realidade no Brasil, após estudo realizado com 1.202 pacientes da América Latina, entre março e junho de 2020, 47,6% evoluíram para um quadro de AVC.

A COVID-19 é uma realidade, que tem surpreendido a cada dia os profissionais da área da saúde e da ciência. Tem sido uma caminhada de muitos estudos, com diversas descobertas e ainda com algumas interrogações e lacunas.

Complicações neurológicas associadas ao vírus de fato existem, e não sabemos as “surpresas” que ainda estão por vir. Por isso se faz tão necessário o cuidado contínuo de cada indivíduo, seguir as medidas preventivas, para evitar uma maior propagação do contágio por essa doença. É preciso e urgente uma conscientização coletiva.

O doutor Reinaldo Rodrigues Pamplona é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e da Sociedade Brasileira da Coluna, graduado em Medicina pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia em Vitória/ES. Fez residência médica em Neurocirurgia no Hospital da Baleia em Belo Horizonte/MG e sua especialização em cirurgia da coluna e deformidades na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Atualmente sua principal atuação é com cirurgia de coluna, minimamente invasiva, e tratamento de dor crônica com bloqueios, tratamentos a laser, rizotomias, denervação. Ele é um de nossos colunistas no FOCO SAÚDE.

Para atendimento : 071 99378-6781/ 071 99215-6755 ou entre em contato pelo e-mail [email protected].

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